ANDRÉA DORÉ
RELAÇÕES DE SUCESSOS COMO ELEMENTOS DA CULTURA
DA VITÓRIA NA RESTAURAÇÃO PORTUGUESA
Reports of Battles
as Elements of a Victory Culture in the
Portuguese Restoration
ABSTRACT: This article analyses some elements contained in military reports about the war between Portugal and Spain during the Portuguese Restoration (1640-1668). These texts are considered as part of a set of manifestations understood as practices of victory, which
include literary
works, paintings of battles and the use of prisoners
and objects of worship. The reports of events or relations of victory point to a connection with the conception of history as the guardian
of memory, ensuring the preservation of worthy deeds, and the status of truth provided by the testimony of view. These reports
intended to build and disseminate an image of the Portuguese people, preserving the nation's reputation in front of their allies and opponents within and outside Europe.
KEY WORDS: Reports of battles; victory; Portuguese Restoration.
RESUMO: Este artigo se debruça sobre alguns elementos contidos em textos que relatam conflitos militares e que guardam
algumas especificidades quando são considerados os confrontos entre portugueses e espanhóis durante as guerras da aclamação
ou da restauração portuguesa (1640-1668). Esses textos são aqui analisados como integrantes de um conjunto de manifestações entendidas como práticas
da vitória, que incluem outras obras literárias, pinturas de batalhas,
gravuras e ainda os usos dos prisioneiros e dos objetos de culto. Os relatos de sucessos
ou relações de vitórias
apontam uma ligação com a concepção
de história como guardiã da memória, garantia da preservação de feitos dignos, e com o estatuto
de verdade assegurado pelo testemunho de vista. De efeito memorialista, pedagógico e propagandista, visam construir e divulgar
uma imagem do povo e da nação preservando a reputação
frente aos seus pares e opositores dentro e fora da Europa..
PALAVRAS-CHAVE: Relações de vitórias; vitória; Restauração portuguesa.
Fecha de Recepción: 15 de agosto de 2011.
Fecha de Aceptación: 26 de septiembre de 2011.
O ESTUDO DOS DIFERENTES CONTEXTOS
DE GUERRA vividos por Portugal a partir
da expansão ultramarina permite identificar a existência de laços entre as atitudes que se seguem aos enfrentamentos militares.[1] Aglutinadas em torno da ideia de práticas
da vitória, essas atitudes são realizadas por diferentes grupos
uma vez decidida a batalha; são formas de exercer,
comemorar e registrar
a vitória. Pesquisa
anterior, realizada com base em relatos
de cercos sofridos
pelos portugueses na Ásia, possibilitou
apontar que essas práticas envolvem
finalidades, aparentemente contraditórias,
de punição e de incorporação dos grupos e dos indivíduos derrotados.[2] Em alguns casos a punição se dá justamente pela incorporação. Essas práticas
buscam atingir objetivos materiais e simbólicos, nem sempre coincidentes e que, não raro, dividem e colocam
em conflito agentes
religiosos e militares. Neste conjunto
incluem-se os destinos dados aos prisioneiros – escravização, conversão e casamentos forçados, venda, encarceramento, extermínio; o tratamento aos objetos de culto – destruição pelo fogo, profanação, confisco; o tratamento às edificações – destruição dos edifícios religiosos e construção sobre as ruínas
de novos edifícios para atender
à religião dos vencedores, a instalação do novo poder político
onde antes havia o que foi derrotado.
E inúmeras outras práticas
que visam indicar a nova ordem e asseguram o usufruto da vitória.
A essas somam-se
outras que objetivam
especificamente a preservação de sua memória e sua divulgação. Os gêneros de obras produzidas com este fim são bastante
diversos. Os poemas épicos são um deles.
Em Portugal, no último quartel
do século XVI, vários poemas tiveram como tema cercos
militares vencidos pelos portugueses em diferentes praças às margens
do oceano Índico. Contemporâneos de Os Lusíadas, de Luís de Camões,
que por sua vez também guarda longos
momentos de enfrentamento militar, os poemas
de Francisco de Andrade, de Jerônimo Corte Real e ainda a comédia de Simão Machado
cantaram as vitórias portuguesas nos cercos à fortaleza
de Diu, na costa ocidental
da Índia, ocorridos
em 1538 e 1546.
Francisco de Andrade, autor de O primeiro cerco que os
turcos puserão ha fortaleza de Diu nas partes da Índia, foi cronista-mor do Reino nomeado em 1593, e escreveu
também uma crônica, por ordem de Filipe
II, Comentários da milagrosa vitória que, no ano atrás passado de 1594 os portugueses [...] houveram do poderoso
exército do Inizamaluco (Nizam Shah, sultão de Ahmadnagar) na tomada e expugnação do morro de Chaúl.[3] Diogo Paiva de Andrade,
filho de Francisco
de Andrade, escreveria mais tarde Chauleida, um poema épico sobre a defesa da cidade baseado nesta crônica, publicada
em 1628 e reeditada
em 1725.[4]
Jerônimo Corte
Real (1530-1588), que
foi capitão de uma armada no Oriente, é o autor do poema que narra o segundo
cerco de Diu: Sucesso do Segundo Cerco de Diu. Estando
Dom Joham Mazcarenhas por capitam
da fortaleza, contendo 21 cantos
e cuja primeira edição data de 1574, em Lisboa.[5] E ainda outro humanista, Sá de Menezes, publicou, em 1634, uma epopéia influenciada por Ariosto, intitulada Malaca
conquistada, sobre a dominação
da cidade por Afonso de Albuquerque em 1511.[6]
Objeto de exaltação da presença
portuguesa na Índia, o cerco de Diu de 1538 inspirou também uma obra em outro gênero, a Comédia do Cerco de Diu, “o primeiro drama histórico
de grande espetáculo”,[7] escrita pelo poeta Simão Machado e impressa
por Pedro Craesbeeck em Lisboa,
em 1601. Comédia bilíngue, escrita durante a União Ibérica,
atribui aos portugueses os trechos em português
e aos muçulmanos os trechos em espanhol.
As representações de batalhas
são outro gênero de documentos revestidos da função de registrar o cenário da vitória.
J. B. Harley, em seus estudos sobre cartografia, associa essas representações aos arcos do triunfo,
aos desfiles, canções e poemas militares. As gravuras expressariam o resultado vitorioso de um conflito e seriam produzidas “para comemorar os lugares sagrados de glória militar”.[8] No contexto das guerras
de Restauração destaca-se o mapa da batalha
das Linhas de Elvas, ocorrida em janeiro
de 1659. O mapa se intitula
Vestigium sive effigies Urbis Helviae e foi realizado por Pierre de Sainte-Colombe, arquiteto militar francês a serviço
de Portugal e gravado
por
João Baptista em 1661. Contém
vários dos elementos
característicos dos mapas militares e de propaganda: a praça amuralhada, o movimento
dos exércitos, os monumentos mais importantes da cidade a ser preservada.[9]
Este artigo não se debruça sobre esses documentos, mapas ou poemas, mas sobre uma outra prática da vitória,
de efeito memorialista, pedagógico e propagandista que são os relatos
de batalhas. Os títulos
desses textos se iniciam como “Relação
da vitória...” ou “Relação dos sucessos...” e ainda “Relação verdadeira da vitória...”. Seus conteúdos
informam sobre determinadas práticas
de guerra ou que tangenciam o enfrentamento militar, e são, eles próprios, práticas de divulgação, propaganda e, assim, de persuasão, da vitória.
Muitos deles serviram
de fonte para poemas épicos.
No século XVIII, Diogo Barbosa
Machado (1682-1772) reuniu em sua coleção mais de 3 mil folhetos, entre impressos e manuscritos, em 145 volumes preservados na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.
Dez volumes em 22 tomos contêm notícias
relacionadas a eventos
militares dos quais participaram os portugueses em todos os continentes, entre o século XV e o XVIII e vários deles trazem exemplares do gênero “relatos
de sucessos”.[10]
No início do período
moderno, esses textos tiveram como temas grandes e pequenos conflitos, dentro e fora do continente europeu, bastante numerosos tendo em vista espaços alargados
de domínio e conquista. As rotas marítimas que passaram a ser frequentadas pelos europeus transformaram-se em contextos
de disputa no Atlântico e no Índico,
assim como se multiplicaram os conflitos entre as nações europeias
e povos e reinos existentes na Ásia, África e Américas.
No continente europeu,
guerras religiosas e de sucessão dinástica dividiam os esforços e os recursos.
A participação dos portugueses – e a produção
de textos a ela relativa
- pode ser analisada a partir da
divisão desses conflitos em três momentos.
Em um primeiro momento se opuseram
portugueses e grupos não cristãos,
no Norte da África e, em seguida, no Oceano Índico. O confronto
se deu, na imensa maioria dos casos, entre os portugueses – que nos relatos
raras vezes são assim nomeados,
mas sim como “cristãos” - e os mouros, os muçulmanos, inimigos ancestrais e constantes, seja no Mediterrâneo, e a partir do século
XVI, no Índico.
Em um segundo
momento se opuseram portugueses e grupos cristãos,
não católicos. Outras potências entraram na corrida expansionista e constituíram-se também em um bloco de oposição
religiosa. Na costa do Brasil e no Índico, a partir
dos primeiros anos do século
XVII, foram os holandeses os mais importantes. Vivia- se então o período
da União Ibérica e dos relatos há dois elementos
a destacar: portugueses e castelhanos – logo católicos
- lutavam juntos.
O inimigo fazia parte da cristandade, porém, herege e duas vezes traidor: do rei (de Espanha) e da Igreja (de Roma). A transferência das guerras
européias para o além-mar
fez renascer o sentimento de cruzada religiosa na empreitada expansionista e uniu os católicos. Aqui o Herege ameaçava
a cristandade.
Este artigo se foca em um terceiro momento, em que estiveram em conflito, portugueses e outros católicos. Tratou-se de quadro especialmente delicado uma vez que se enfrentavam cristãos católicos e súditos
que, durante os sessenta anos de união das coroas
ibéricas, estiveram unidos contra
inimigos comuns
na Europa e nos espaços
em litígio fora do continente. As guerras da Restauração ou da Aclamação opuseram portugueses e castelhanos desde a aclamação
de d. João IV, reconhecido pelas Cortes de Lisboa em janeiro 1641, até o tratado
de Paz assinado
em fevereiro
de 1668.
Da leitura de relatos
de sucessos produzidos neste contexto, reunidos por Barbosa Machado, e de vários outros preservados na Biblioteca Nacional de Lisboa, datados de 1643 a 1662, há alguns pontos
a destacar.
Uma primeira observação é que poucos são assinados. De provável autoria de homens de
armas, são, em vários
casos, bastante sumários e descrevem as estratégias militares
e os nomes dos indivíduos que se destacaram no campo de batalha.
A introdução, bastante breve, é o momento de alguma consideração mais singular sobre a guerra
entre portugueses e castelhanos. Nela, encontram-se duas tópicas:
a primeira está relacionada à veracidade do relato;
e a segunda refere-se à contenção dos portugueses, ou ao silêncio sobre seus feitos, em oposição às informações sobre os feitos de
Castela divulgados
pelos países da Europa. Neste segundo
aspecto o que está em jogo é a construção e manutenção de uma reputação
positiva da nação portuguesa, preocupação que se estende
por vários momentos do texto.
A declaração da veracidade do relato
configura-se como um elemento incontornável na fixação de um estatuto que o diferencia de um documento ficcional.
Os
preceitos aplicados são aqueles da origem
da historiografia ocidental, os fundamentos admitidos pelos pais da história.
As relações de vitórias
podem ser associadas ao trabalho
de historiadores, mas suas especificidades, sobretudo no que diz respeito à
autoria, as tornam fruto do
que podemos chamar de uma
historiografia da experiência.
Quando se estuda a história
da historiografia, o período do Renascimento tem como nomes de grande importância Leonardo Bruni, Nicolau Maquiavel, Francesco Guicciardini. Estes foram responsáveis pela retomada,
também na escrita da história, de valores da Antiguidade, superando, de acordo com a leitura que desse momento faz Arnaldo Momigliano, a perspectiva legitimadora da história
eclesiástica, ao lado da importância da abordagem
filológica, emblemática na obra de Lorenzo
Valla (1407-1457) e seu A falsa doação de Constantino, de 1440.[11]
Momigliano aproxima a historiografia do Renascimento daquela produzida
pelos Antigos que guardava,
como preocupações fundamentais, a confiabilidade dos dados que o historiador utilizava e a importância qualitativa do que se propunha
a dizer. Tanto Heródoto quanto Tucídides salientaram a importância do historiador ser testemunha dos fatos narrados. A função da história para esses autores, assim como o seria no Renascimento, era a de oferecer
um exemplo, constituir uma lição, servir de modelo para o desenvolvimento futuro dos negócios
humanos. Como historiadores, Maquiavel e Guicciardini, “estavam preocupados em oferecer aos seres mortais uma imortalidade literária, em dar informações úteis para um mundo que se esperava durar bastante”, conclui
Momigliano.[12] Os dois autores florentinos, para mantermos o juízo a respeito
do seu protagonismo como historiadores do renascimento, compreendiam o “fazer a história”
como o ato de retraçar o nascimento de novas leis, novos costumes
e instituições, e lhe atribuíam a função de compreender o sentido
desta evolução a fim de tirar proveito de toda experiência levando a uma melhor utilização da razão.[13]
Os relatos de sucessos
militares, no entanto, são considerados uma produção menor no contexto historiográfico, porque são textos irreflexivos, não buscam explicar as causas ou o sentido
das ações dos homens.
Comporiam uma literatura vulgar, que se entenderia como uma “historiografia da experiência”, porque não foi feita por homens de gabinetes, que, além do testemunho que pudessem
oferecer de determinado acontecimento, produziam textos a partir
de outras crônicas
e de outros relatos.
João Rocha Pinto descreve
os relatos de viagem da mesma forma como poderíamos definir essa historiografia da experiência: uma “corrente de cultura experiencialista subalterna”.[14] Subalterna, mais uma vez, porque é realizada
por homens de outros
ofícios, especialmente militares, e não por homens de letras, humanistas, cronistas, historiadores, diplomatas. Os autores de relatos
de vitórias não demonstram ter lido os textos clássicos, e muito raramente
citam os cronistas
a eles contemporâneos, mas oferecem como fator legitimador um elemento
de grande importância para os homens de seu tempo, admiradores da Antiguidade: a experiência que os fazia superior
aos antigos.
A autoridade do testemunho é reivindicada nos mesmos termos e no mesmo período pelos autores de
relatos de viagem. Stephen
Greenblatt, estudioso
dos discursos produzidos por viajantes
no Novo Mundo, questiona por que se deve dar crédito
a um
testemunho. Para buscar
uma
resposta ele vai à Historia, de Heródoto, e à sua consideração de que a viagem era de importância crucial para compreender o mundo; em última instância
para distinguir o que era fábula do que era verdade. A autoridade, para ele, baseava-se na evocação do que pessoalmente viu e ouviu fora dos limites da cidade.
Assim, “a viagem está ligada ao apelo constante
à experiência pessoal,
à autoridade do testemunho”.[15] Se a viagem concede autoridade ao testemunho é pela sua constante afirmação que o autor de um relato
pretende atrair
a atenção do leitor.
Ao insistir em escrever
“eu vi”, o autor, como afirma Michel de Certeau, fabrica e sanciona
“o texto como uma testemunha do outro”.[16] Pode-se, assim, concordar com Eugenio
Garin quando este afirma que os autores clássicos deram aos indivíduos do Renascimento os meios para criticar
– e corrigir – os próprios autores clássicos.[17]
A segunda tópica que podemos
localizar especialmente, mas não apenas, na introdução dos relatos de sucessos
está associada à preocupação com a reputação. Antonio
de Moraes Silva, em seu Diccionario da lingua portugueza (1789), define “reputação” como “O conceito,
que se tem de alguma
pessoa, bom ou mao”, e Raphael Bluteau, em seu Vocabulario Portuguez & Latino (1728), traz vários empregos da palavra.
Inicia com “A boa, ou má opinião, que se tem de nós”. Para o que aqui nos interessa, cita Quintiliano: “Na guerra tudo depende da reputação. Fama bella constant”.
Os estudiosos do período moderno localizam o nascimento da opinião pública
durante o século XVIII francês. Para Jurgen Habermas, esta opinião seria resultado do estabelecimento de uma esfera pública,
um projeto do iluminismo, caracterizado como um fenômeno
burguês. Para Habermas, o raciocínio público no terreno literário, especificamente, teve sua origem na Inglaterra no
final do XVII e se espalhou
pela França a partir dos anos 1730. Desde então toda autoridade – Igreja e Estado – foi sujeita a um exame crítico nas mãos do que passou a ser chamado de “opinião
pública”. Este nascimento, no entanto, é antecipado por Joan DeJean para o contexto
do final do século XVII francês,
quando “o público adquiriu o significado de “audiência”, mais no sentido de uma “audiência crítica” do que de uma “audiência literária”.[18] Se ainda é prematuro falar de um esfera pública no século XVII português, não difere muito de uma “opinião
pública” europeia o que esses textos tentavam
mobilizar a favor dos portugueses. Seus autores
queriam preservar o “nome português” ou “nome de Portugal”. Não se trata de garantir uma imagem favorável
aos cristãos, como é verificado nas guerras com reinos de outras religiões no além-mar, ou favorável aos católicos (contra os protestantes), mas de assegurar
a reputação dos portugueses, que, por sua vez, devia se diferenciar do conjunto
da cristandade.
Em 1661, a Officina de Henrique Valente de Oliveira publicou a Relacion verdadera, de los sucessos de las armas de Portugal, y Castilla
en la campaña del año 1661. Ressalte-se que o texto foi publicado em castelhano, visando uma maior penetração nas cortes européias e possível
graças ao bilinguismo existente em Portugal
naquele contexto.[19] Na introdução, lê-se: “La expectacion de toda Europa en las previciones que los Ministros Castellanos publicaron para la campaña
passada contra Portugal está pediendo una relacion verdadera
(…)”.[20]
Ao concluir
o relato, o autor escreve:
“Este ha sido (relatado fielmente) el principio,
progresso, y fin desta campaña;
de la qual qualquier
mediocre discurso aun Castellano, sino se levare de passion,
insiere con evidencia quan impossible sea a la Corona de Castilla
conseguir contra Portugal cosa considerable”. Enfatiza que os exércitos portugueses, menos numerosos, porém todos de uma “misma nacion portuguesa”, obrigaram “el enemigo a retirarse
con tanta quiebra
de reputacion” (fl. 22). E ainda: “Digan Castellanos lo que quisieren,
publiquen sus gazetas lo que se
les antojare, dexense engañar los estrangeros, para quien ellos las imprimen teniendolos por simplemente credulos (…)” (fl. 23).
É frequente a crítica
às notícias divulgadas pelos castelhanos, como na Relacion verdadera de como fue restaurada la Plaça de Moron por las armas del Rey Don Afonso VI de Portugal, de 1657:
El aparato de sus prevenciones, i el estruendo, con que
hizieron la fama aun maior q el aparato, los colmava de
esperanças, i a toda
Europa de atenciones aguardando unos, i temiendo outros, que desta vez havia Castilla de concluir
com Portugal. (fl. 1v.)
Na introdução da Relação
dos successos de Portugal,
e Castella, de
1661, desta vez em português:
Não he outro o fim da Rellação que pretendo
escrever que melhorar
com as noticias da verdade o entendimento dos successos que as armas del Rey Catholico
tiverão na geral invasão
do Reyno de Portugal nesta campanha
da corrente era de 61 (…).[21]
No ano seguinte, em 1662, a Relação
do sucesso que tiveram as armas portuguezas governadas por D. Sancho Manuel conde de Villa Flor (…) na provincia
da Beira contém na introdução:
(...) quantas são notorias a todos, o campear as terras do inimigo
tomandolhe tantas Villas, & lugares,
& dandolhe tantas batalhas
na sua campnha, que se as encomendarmos à impressao, se não atreverão
os inimigos a mãdar ás Nações
estrangeiras, tantas, & tão varias gazetas, contra o succedido,
em detrimento nosso; que certo me parece se oocupão
mais em escrever
o que não obrão, do
que em obrarem
o que dizem: pello que será justo, que pois elles se achão
tão
esquecidos das perdas próprias, lhe façamos agora memoria da lastima
que nos causão as suas, por próximos,
repetindo hua entrada
que a nossa gente fez, por aquelle
partido, sendo o
successo, o que direi agora.[22]
E ao final do relato:
(...) porque não cabem nelles, nem o seu valor,
nem o zelo, & vigilantissimo cuidado, com que procura
adiantar a gloria, & reputação das Armas de sua majestade, governadas pella Raynha nossa senhora (...) (fl.
7).
Em 1659, Antonio Barbosa Bacellar escreveu
a Relaçam da vitoria
que alcançaram as armas do muyto Alto, & Poderoso
Rey D. Affonso VI, no cerco imposto aos portugueses em Elvas. Referindo-se à tomada de Olivença e Mouram,
o autor conclui:
Com estes successos se recolherão triunfantes as Armas de Castella,
fazendo notorio às nações da Europa aquelle
até entam ignorado segredo, de que nas contendas
militares destas duas Coroas podião ser vencidos
os
Portugueses.[23]
A preocupação desses autores com a imagem dos portugueses nas diferentes cortes
européias não difere daquela expressa pelo padre Antonio
Vieira – responsável sempre por evidências discursivas que nutrem
as hipóteses dos historiadores. No texto depois intitulado Papel que fez o padre Antonio Vieira a favor da entrega de Pernambuco aos hollandezes, de 1648, ou apenas Papel forte, ele analisa e refuta cada um dos inconvenientes então apresentados à capitulação portuguesa. O terceiro inconveniente é o da reputação:
Dirá o mundo que ou no levantamento faltamos à fé, ou na restituição faltaram as forças. Responde-se, que peior será, que possa também dizer o mundo, que por não querer restituir
nos perdemos. (…) A opinião
dos reinos e dos reis, consiste em tractarem do que mais convém à sua conservação: e o príncipe que melhor se sabe conservar, é o que maior opinião
adquire no mundo.[24]
Anos antes, em 1640, o
temor de que Portugal
parecesse preterido, não só
pela fortuna, mas também por Deus, produz a célebre pergunta
do Sermão pelo bom sucesso das armas de Portugal contra
as de Holanda: “Que diga o
herege (o que treme
de pronunciar a língua),
que diga o herege, que Deus está holandês?”[25]
No front de maior prestígio
para Portugal, suas possessões na Ásia, o também jesuíta padre Fernão Queiroz, escreveu
sobre o cerco e Gale, no Ceylão, derrota de grande repercussão nos portos da Índia, em 13 de março de 1640:
são tantos os danos, q.' a nação Portugueza tem recebido das Prouincias unidas, em todas as quatro p.tes do mundo; q.' não corresponderemos ao q.' o mundo espera de nôs, se p.r todas as vias, e modos licitos,
e conuenientes, não tratarmos
de nos desforçar, e de
recuperarmos o q.' na India temos perdido.[26]
Em outra ocasião do mesmo relato, o jesuíta partilha a preocupação do pregador
do Brasil:
Dirá o mundo, q.' os Portuguezes se perderao
p.r poucos, e p.r pouca disposiçao, não dirá com verdade,
que por fracos. (p. 727)
Queiroz relata e lamenta
a estratégia dos holandeses de embarcar
os portugueses e levá-los
por um périplo aos portos
da Índia (Negapatão e depois Batavia), no que se arriscava
o “nome português” entre os reinos asiáticos:
E q.m bem ponderar
o m.to sangue q.' ali se derramou; o assoute do Estado, de Ceylão,
e do brio Portuguez, naq.le campo, e naq.la praça; e quão exposta ficou à vergonha nossa reputação neste Oriente. (p. 700)
A verdade
do relato é igualmente uma preocupação central para Queiroz, conforme
expressa ao final do capítulo 12 de sua obra:
O q.' sucedeo nesta batalha, anda tão variam.te referido, q.' me não custou pouco trabalho,
não só averigoar
a verdade, mas o verosimel; (…) de tal modo confundirão as noticias, q.' só nos fica lugar de referir,
o q.' m.s constantem.te se relata, e q.' melhor concorda com testem.as de vista dignas de todo o credito.
(p. 724)
A memória dos feitos portugueses na Índia, preservada pelas crônicas e outros relatos militares, especialmente sobre as conquistas das primeiras
décadas, cumpre uma dupla função na composição dos relatos de sucessos
ocorridos na Europa. De um lado, a história
que preserva esta memória
é, efetivamente, mestre da vida e registra a sabedoria
que os antepassados souberam aplicar. De outro, comprova o valor e as capacidades do povo português, os feitos do presente
sendo herança do que se realizou
no passado.
O já citado relato do cerco à praça de Elvas, de Antonio Barbosa Bacellar
(1610-1663), autor de outros relatos
de batalhas, como o da recuperação do Recife (1654) e o da Batalha do Canal (1663), foi publicado em 1659 em português, depois traduzido
para o latim em 1662. O cerco foi imposto pelos castelhanos e vencido pelos portugueses com os exércitos comandados por Dom Antonio Luis de Meneses,
conde de Cantanhede. Bacellar retorna a um dos grandes momentos da expansão
portuguesa no século
XVI para dele tirar um aprendizado. Em relatos escritos está presente o registro
dos nomes dos indivíduos que participaram da batalha,
sendo mesmo uma das suas funções.
Transforma-se, assim, em um documento importante ao qual se pode
recorrer no momento de solicitar uma mercê régia por serviços prestados:
Quais erao os Cabos principais deste Exercito, se pode ter entendido
das vezes que se tem nomeado a outros
fins, mas neste lugar he tam necessaria a individuação de cada hum, que deixará de ser vicio
a repetição. (fl. 24)
Esse cuidado com a “individuação” se opõe, no texto, à consciência
das fraquezas dos homens e Bacellar lembra a experiência de Afonso de Albuquerque, governador do Estado da Índia, quando após a tomada de Malaca em 1511, mandou esculpir os nomes dos
cabos que mais se destacaram nas batalhas.
Para ele, o feito de Albuquerque
foi exemplar pera os escritores não singularizarem as acções heroicas dos Portuguezes; porque vendo aquele insigne Gen. crescião
as queixas dos mesmos,
cujos nomes tratava eternizar, por haver na ordem de os nomear primeiro, & segundo,
mandou tirar a pedra que estava sobre a porta da fortaleza que edificàra,
& virada pera dentro
a escritura, mandou
por na parte de fora aquellas palavras do Psalmo 117. Lapidem, quem reprobaverunt
edificantes.[27]
Feitos passados na África
e na Índia são também retomados
na Relaçam da famosa resistencia, e sinalada
vitoria, que os Portugueses alcançarão dos castelhanos em Ouguela:
Matarão mais hum soldado Portugues, ferirão dous, &
hua molher, por nome Isabel
Pereira, que fará esquecer o valor das famosas
Portuguesas, que
nos
insignes cercos de Dio, & Mazagão fizerao feitos de immortal
memoria, porque
desmentindo esta a fragilidade do sexo feminino,
fez notaveis demonstrações de valor (…). (fl. 3v.)
O espantoso, e talvez inusitado, êxito
português no Índico é comparado
às vitórias
na península que, segundo
os autores, desmentem as informações que os castelhanos divulgam
pela Europa. Sobre os feitos de 1644 e a vitória portuguesa de Montijo, escreve Viegas, que seriam
vistos com temor ou incredulidade:
(…) mas não foi esta a primeira censura desta qualidade, com que no mundo se avaliarão acçoens nossas,
porque já padecemos outras taes, em especial, quando emprendemos o portentoso descobrimento, & famosa
conquista das provinciais Orientaes.[28] (fl.
4)
Ao serem valorizados esses dois aspectos – verdade e reputação
– justifica-se a compreensão desses relatos como práticas da vitória,
visando algo tão importante quanto o próprio
resultado do conflito:
a construção e o fortalecimento de um contorno para a nação, frente aos seus súditos e a seus pares e potenciais opositores. O cotejamento desses textos aponta
para a formação
de um gênero, tributário em grande medida da tradição historiográfica ocidental, mas com a função mais circunscrita e imediata
de divulgação dos resultados da guerra.
O entendimento desses documentos no interior de uma cultura
da vitória pode nos aproximar
da leitura que deles faziam seus contemporâneos, assim como o estudo conjunto
das práticas discursivas e daquelas
que atuam claramente sobre os corpos dos indivíduos pode, igualmente, favorecer a sua interpretação.
ANDRÉA DORÉ
Universidade Federal do Paraná
Curitiba, Paraná, Brasil
BIBLIOGRAFIA
ANDRADE, Antonio (1999), “Ecos do episódio de Niso e Euríalo na Chauleida
de Diogo Paiva de Andrade”,
III Colóquio Clássico – Actas. João Manuel Nunes Torrão (ccord.)
Aveiro, 295-319.
BUESCU, Ana Isabel (2000), “‘Y la Hespañola
es facil para todos’. O biligüismo, fenômeno estrutural (séculos
XVI-XVIII)”, Memória
e poder. Ensaios
de história cultural (séculos XV-XVIII), Lisboa: Edições
Cosmos, 49-66.
CERTEAU, Michel de (1985), Montaigne’s ‘Of Cannibals”: The Savage ‘I’, Heterologies: discourse on the other. Theory and History of Literature, vol. 17, Minneapolis: University of Minnesota Press.
DEJEAN, Joan (2005), Antigos contra modernas. As guerras
culturais e a construção de um fin- de-siècle, Trad. Zaida Maldonado. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira (1º ed.: 1997).
DORÉ, Andréa (2010a), “Entre o púlpito e a muralha: missionários e homens de armas contra a ameaça protestante na Índia e no Brasil
no século XII”, XII Seminário Internacional de História
Indo-Portuguesa. O Estado da Índia e os desafios europeus. Lisboa: CHAM/ Universidade Católica Portuguesa, 361-381.
DORÉ, Andréa (2010b), Sitiados. Os cercos às fortalezas portuguesas na Índia nos séculos XVI e XVII, São Paulo:
Alameda.
FONTANA, Josep (2004),
A
história dos homens, trad.
Heloisa Jochins Reichel
e Marcelo Fernando
Da Costa, Bauru, SP: Edusc, 2004.
GARIN, Eugenio (1969), “L’Histoire dans la pensée de la Renaissance”, Moyen Age et Renaissance. Paris:
Gallimard (1ª ed. italiana:
1954).
GINZBURG, Carlo (2002), “Lorenzo Valla
e a doação de Constantino”, Relações
de força. História,
Retórica, Prova, São
Paulo: Companhia das Letras.
GREENBLATT, Stephen (1996), Possessões maravilhosas, Trad. Gilson César Cardoso
de Souza, São Paulo: Edusp.
HABERMAS, Jurgen (1984), Mudança estrutural da esfera pública: investigações quanto a uma categoria
da sociedade burguesa,
Trad. Flavio R. Kothe,
Rio de Janeiro:
Edições Tempo Brasileiro.
HARLEY, J. B. (2005), La nueva naturaleza de los mapas.
Ensayos sobre la historia de la cartografia, Trad. Leticia
García Cortés, Juan Carlos Rodríguez, México: FCE.
KOSELLECK, R. (2006), “Historia
Magistra Vitae – Sobre a dissolução do topos na história moderna em movimento”, Futuro Passado, Rio de Janeiro: Contraponto/Ed. da PUC, 41-60.
MONTEIRO, Rodrigo Bentes e CALDEIRA, Ana P. Sampaio (2007),
“A ordem de um tempo: folhetos na coleção
Barbosa Machado”, Topoi, 8, 14, 2007,
77-113.
MARAVALL J.A.
(1986), “Hacia una visión
secularizada e inmanente del avance historico”, Antiguos y Modernos, Madrid: Alianza, 579-611.
MOMIGLIANO, Arnaldo (2004), As raízes clássicas da historiografia moderna, trad. Maria Beatriz Borba Florenzado, Bauru, São Paulo:
Edusc, (1º ed. 1990).
PINEDA,
Victoria (2007), “La preceptiva historiográfica renacentista y la retórica de los discursos: antología de textos”,
Talia dixit 2, 95-219.
PINTO, João Rocha (1989), A viagem. Memória e Espaço, Cadernos da Revista História
Econômica e Social,
11-12, Lisboa: Livraria Sá da Costa.
FONTES
[Francisco de Mello Monteiro], Relaçam
de hum sucesso
notauel que teue hu[m]a companhia nossa de cauallos
junto a villa de Arronches pelejando com sinco do inimigo
em 29 de Dezembro
de 1643, Lisboa : Paulo Craesbeeck,1644.
ANDRADE, Francisco de (1945), Comentários da vitória de Chaúl, Prefaciado e anotado por Jorge Faro, Lisboa s.d.
BACELLAR, Antonio Barbosa [1659], Relaçam da vitoria que alcançaram as armas do muyto Alto, & Poderoso Rey D. Affonso VI, em 14 de Ianeiro
de 1659 contra as de Castella, que tinham
sitiado a praça d`Eluas,
Lisboa: Officina de Antonio Craesbeeck (Machado,
Diogo Barbosa. Tratados
de Pazes de Portugal celebradas com os Soberanos
da Europa. Tomo I. 1641-1682.)
CORTE REAL, Jerónimo (1784), Sucesso
do Segundo Cerco de Diu. Estando
Dom Joham Mazcarenhas por capitam
da fortaleza. Anno de 1546, Fielmente
copiado da Edição de 1574. Por Bento José de Sousa Farinha, Lisboa: Offic. de Simam Thaddeo Ferreira.
FRÈCHES, Claude-Henri (1971), Introdução ao teatro de Simão Machado, Lisboa:
O mundo do livro.
MENEZES, Francisco de Sá de (1658). Malaca
conquistada. Lisboa:
Pedro Craesbeeck.
QUEIROZ, Fernão de (1916), Conquista
temporal e espiritual de Ceylão,
Colombo: H.C. Cottle. Government Printer (1687).
Relaçam da famosa resistencia, e sinalada
vitoria, que
os
Portugueses alcançarão
dos castelhanos em Ouguela, este Anno de 1644. a 9. de Abril, governando esta Praça o Capitão Pascoal
da Costa, Lisboa: por Paulo Craesbeck, 1644.
Relaçam da victoria
que o capitam de cavallos
João de Saldanha
da Gama alcançou
dos Castelhanos entre Cãpo Mayor, & Albruquerque, em doze de Junho de 643, Lisboa: Impressa por Paulo Craesbeck, 1643.
Relaçam de alguns
sucessos, que na fronteira de Olivença
teve Francisco de Mello General
da Cavalleria, & de hum grande
estratagema, que os nossos fizeraõ ao inimigo,
Lisboa: na officina de Domingos
Lopes Rosa, 1644.
Relaçam do sitio, que o exercito de sua Mgde. poz a Villa Nova del Fresno, & tudo o que nelle passou até ser rendida,
& capitulaçoens com que se entregou, Lisboa: na Officina de Domingos
Lopes Rosa, 1643.
Relaçam dos assaltos que deu o General Fernam Telles de Menezes
na villa de Fuentes, & em Freixineda, [Lisboa]: na officina de Domingos Lopes Rosa, [1642].
Relaçam dos sucessos, que o Conde de Castelmilhor Governador das armas de entre Douro, &
Minho, teve em 16.18 & 22. de Fevereiro
passado de 1644, [Lisboa] : na Officina
de Domingos Lopes Rosa, 1644.
Relaçam em que se refere parte dos gloriosos successos, que na Provincia da Beira tiverão contra Castelhanos, as armas de S. Magestade, governadas por D. Alvaro
de Abranches, seu Capitão General, nos meses de Mayo atè Dezembro de 643, Lisboa : por Manoel da Sylva Impressor no Poço da Fotea,
1644.
Relaçam verdadeira da entrada que o Governador das armas Mathias
de Albuquerque fez em Castella neste mes de Abril do anno prezente de 1644. & sucesso de Montijo, Lisboa : por Paulo Craesbeck, 1644.
Relaçam verdadeira da entrada, que o exercito castelhano fez nos campos, &
olivaes da cidade d'Elvas, &
de como o General Martim Affonso de Mello o fez retirar, &
os nossos saquearaõ
a Villar de Rey, Lisboa : na officina de Domingos
Lopez Rosa, 1642.
Relação do sucesso que tiveram as armas portuguezas governadas por D. Sancho Manuel conde de Villa Flor e governador das armas do partido de Castello
Branco na provincia
da Beira. Em 17 de Dezembro do anno passado
de 1661. Lisboa. Na Officina de Antonio Craesbeeck. Anno 1662. (Machado,
Diogo Barbosa. Tratados
de Pazes de Portugal celebradas com os Soberanos da Europa.
Tomo I. 1641-1682.)
Relação dos successos de Portugal, e Castella
nesta campanha de 1661. Lisboa: Officina de Antonio Craesbeeck, 1661. (Machado, Diogo Barbosa. Tratados
de Pazes de Portugal
celebradas com os Soberanos da Europa.
Tomo I. 1641-1682.)
Relacion verdadera de como fue restaurada la Plaça de Moron por las armas del Rey Don Afonso VI de Portugal;
como lo más, que sucedió em la campaña
deste Otoño de 1657, s.l., s.d. 16... (Machado,
Diogo Barbosa. Noticia
dos sucessos militares entre as Armas Portuguezas, e Castelhanas. Reynando em
Portugal o serenissimo monarcha
D. Affonso VI. Tomo I. Que comprehende o anno de 1657 athe 1662.)
Relacion de la famosa, y memorable
vitória que el Exercito
de El Rey de Portugal, Governado por el Conde
de Villa-Flor, alcançou del
exercito del Rey
de Castilla, gouernado por su hijo Don Juan de Auftria. Lisboa: Officina de Enrique
Valente de Oliveira,
1663 (Machado, Diogo Barbosa. Noticia
dos sucessos militares Entre as Armas Portuguezas,
e Castelhanas. Reynando em Portugal o Serenissimo Monarcha D. Affonso VI. Tomo II. 1663-1664)
Relacion verdadera, de los sucessos de las armas de Portugal, y Castilla em la campaña
del año 1661. Con un resumo de
la victoria vitimamente alcançada por los Portugueses en Castilla la Vieja. Lisboa:
Officina de Henrique
Valente de Oliueira,
1661. (Machado, Diogo Barbosa. Tratados
de Pazes de Portugal celebradas com os Soberanos da Europa. Tomo I. 1641-1682.)
VIEGAS, António Pais, Relaçam dos gloriosos succesos, que as armas de... D. Joam IV... tiverão nas terras de Castella,
neste anno de 1644. até a memoravel victoria de Montijo, Lisboa: por Antonio Alvarez,
1644.
VIEIRA, Antonio (1959), “Sermão pelo bom sucesso das armas de Portugal
contra as de Holanda”, Sermões.
Obras completas do Padre Antonio Vieira. Vol. XIV, Porto: Lello & Irmãos Editores.
VIEIRA, Antonio (2003),
Papel que fez o padre Vieira a favor da entrega de Pernambuco aos Hollandezes [1648], Obras inéditas
do padre Antonio Vieira, Lisboa:
J.M.C. Seabra &
T.Q. Antunes, 1856-1857, transcrito em Luiz Felipe Baeta Neves,
Terra cidade celeste.
Imaginação social jesuítica e Inquisição, Rio de Janeiro:
Atlântica Editora.
[1] Uma versão inicial deste artigo foi apresentada em Lisboa, em julho de 2011, por ocasião da 42nd Annual Meeting of the Association for Spanish and Portuguese Historical Studies
[2] Cf. trabalhos
anteriores sobre
o tema: DORÉ (2010a); DORÉ (2010b).
[3] Cf. ANDRADE (1945).
[4] Sobre este épico, ver ANDRADE (1999: 295-319).
[5] CORTE REAL (1754).
[6] Cf. MENEZES (1658).
[7] Cf. FRÈCHES (1971: 16).
[8] HARLEY (2005: 88).
[9] Barbosa Machado inseriu esse mapa
em seu volume Tratados de Pazes de Portugal celebradas com os Soberanos
da Europa. Tomo I. 1641-1682.
[10] Sobre a história da Colecção Barbosa Machado,
ver MONTEIRO e CALDEIRA (2007).
[11] FONTANA (2004: 84-94). Sobre Lorenzo Valla, ver GINZBURG (2002: 64-79). E ainda, sobre a historiografia do Renascimento, ver a coletânea
de textos organizada por PINEDA (2007).
[12] MOMIGLIANO (2000: 216).
[13] Ver GARIN (1969:151).
[14] PINTO (1989: 212).
[15] GREENBLATT (1996: 162).
[16] CERTEAU (1985: 68).
[17] Ver GARIN (1969: 162-163) e sobre
a superação dos antigos pelos humanistas, ver MARAVALL (1986: 579-611).
[18] DEJEAN (2005: 65) e HABERMAS (1984).
[19] Cf. BUESCU (2000: 49-66).
[20] Relacion verdadera, de los sucessos
de las armas de Portugal, y Castilla
(1661), fl. 1.
[21] Relação dos successos de Portugal, e Castella (1661).
[22] Relação do sucesso que tiveram as armas portuguezas governadas por D.
Sancho Manuel (1662).
[23] BACELLAR [1659]. São muitas às referências à reputação, tanto à dos castelhanos, que se enfraqueceria com as derrotas, quanto à das armas portuguesas, menos notável na Europa, porém vencedora no campo de batalha. Para alguns
exemplos, ver Relaçam da famosa
resistencia, e sinalada vitoria, que os Portugueses alcançarão dos castelhanos em Ouguela, este Anno de 1644, fl.
1v; VIEGAS, António Pais, Relaçam
dos gloriosos succesos,
que as armas de... D. Joam IV... tiverão nas terras
de Castella, neste anno
de 1644, fl. 5 e 7.
[24] VIEIRA (2003: 171).
[25] VIEIRA (1959: PARTE II).
[26] QUEIROZ (1916: 699).
[27] “A pedra que os arquitetos rejeitaram tornou-se a pedra angular”.
BACELLAR, fl. 43.
[28] VIEGAS, António Pais, Relaçam dos gloriosos succesos, que as armas de... D. Joam IV... tiverão nas terras de Castella, neste anno de 1644, fl. 4.